
Teresa Guilherme confessa que preferia o 'Big Brother 5', com
desconhecidos, em vez do 'Big Brother VIP'. A apresentadora não revela
muito sobre o Big Brother que estreia em Abril, no entanto sempre avança
que não vai ser a versão portuguesa do Celebrity Big Brother UK .
Tenho de começar esta entrevista por lhe perguntar se ainda frequenta o
mesmo cabeleireiro onde, há 13 anos, estava a pentear-se quando aceitou o
convite de José Eduardo Moniz para apresentar o primeiro Big Brother.
Teresa Guilherme: [risos] É o mesmo cabeleireiro, mas não é no mesmo espaço. Ele abriu o seu próprio salão e eu fui atrás dele.
Passou-lhe pela cabeça, nessa altura, que 13 anos depois estaria prestes a conduzir a sétima edição do reality show?
Teresa Guilherme: Eu nem sou de programar 13 dias, quanto mais 13
anos [risos]. Achei que ia apresentar uma edição e até andei a dizer que
não queria mais nenhuma. Naquela altura, era muito mais de seguir os
meus princípios do que agora e, por hábito, detestava repetir séries.
Como produtora, tudo bem, mas como apresentadora não gostava.
Mas fê-lo com o concurso da SIC Não Se Esqueça da Escova de Dentes, em 1995.
Teresa Guilherme: Porque foram edições feitas de seguida. Parar para
voltar ao mesmo formato era uma coisa que me fazia confusão. Portanto,
na altura em que fiz o primeiro Big Brother disse à Endemol e à TVI que
era primeira edição e pronto. Mas depois o José Eduardo quis logo outra.
Então aceitou por ser de seguida?
Teresa Guilherme: Continuei a dizer que nem pensar, que não fazia
mais nenhum. Ainda me lembro de estar a conversar com o Piet-Hein
[Bakker], que na altura era diretor da Endemol, e estar sempre a dizer
que não apresentava o programa, mas ninguém acreditava em mim.
Acreditaram só no último dia. E o motivo por que aceitei a apresentação
daquela segunda edição e depois de todas as outras foi porque seria uma
grande maldade da minha parte terem-me dado tanta hipótese para eu fazer
o programa à minha maneira, terem-me dado carta-branca para lhe dar o
meu cunho, que não estaria certo dizer que não queria mais. Acabei por,
entre outras derivações, fazer quatro Big Brother de anónimos e dois de
famosos.
E um Big Brother VIP, passados dez anos de uma última edição, faz sentido porquê?
Teresa Guilherme: A Casa dos Segredos é um formato que funcionou
muito bem, tal como o Desafio Final. Estes são spin off, são pequenos
derivados do formato original do Big Brother que acontecem no mundo
inteiro. Em países como Espanha o programa está no ar há imensos anos,
sempre com a mesma apresentadora. O que quero dizer com isto é que ficou
sempre no ar que o programa iria voltar. A opção foi regressar com um
formato francês, que é a Casa dos Segredos. O que se tentou agora foi
fazer um revival puro... bem, não tão puro como isso, porque é VIP, mas
com o espírito original.
Com este regresso, a TVI não quis antecipar-se à SIC, que mostrou
interesse no reality show Mundos Opostos [que junta concorrentes
anónimos e famosos para dividir no jogo, em épocas diferentes, entre a
Pré-História e o futuro, mas separados por um vidro]?
Teresa Guilherme: Eu sei que a SIC mostrou esse interesse. Agora,
ele não tem nenhum ponto em comum com o Big Brother. Não tem nada que
ver.
Uma das particularidades desta edição é parecer ter uma relação íntima com o número 13, de que a Teresa tanto gosta.
Teresa Guilherme: Tem? Ainda não pensei nisso. Mas gosto muito do número 13.
Repare: estreia-se 13 anos depois da primeira edição e estamos no ano
2013. Para fazer o pleno, só falta ser disputado por 13 concorrentes...
Teresa Guilherme: Não posso dizer quantos é que são.
O que pode dizer sobre o programa?
Teresa Guilherme: Nada [risos]. Olhe, não sei de quanto é o prémio.
Posso dizer que começa em abril, em que dia também não sei, e que a casa
está a ficar muito gira.
Será um reaproveitamento do mesmo espaço da Casa dos Segredos?
Teresa Guilherme: Pelo menos as canalizações acho que sim [risos].
Estou a brincar. Agora a sério, só posso dizer que é outra vez na Venda
do Pinheiro. Claro que as estruturas foram aproveitadas, especialmente
porque é ali que está instalado todo o sistema de vigilância.
E o estúdio, o décor, vai ser igual ao original?
Teresa Guilherme: Não. Eu queria, porque sou revivalista, mas não
vai acontecer. A Lurdes [Guerreiro, responsável máxima da produtora
Endemol] disse-me logo que nem pensar, que o antigo é muito pobrezinho.
Eu gostava tanto... Enfim, e depois há de haver um outro à terça-feira.
Então é à terça-feira que vão acontecer as nomeações... E as galas continuam a ser aos domingos?
Teresa Guilherme: [silêncio] Bem... as nomeações podem ser à terça-feira, à quarta-feira...
Vamos continuar a ter duas emissões semanais em direto?
Teresa Guilherme: É por aí...
E vão ser três meses de programa?
Teresa Guilherme: Isso era o que vocês queriam saber! Posso dizer
que é uma pergunta com múltiplas respostas. Só há uma pessoa que sabe
isso e não sou eu.
Teresa tem de saber qualquer coisa. Não assinou um contrato?
Teresa Guilherme: O contrato que se faz com os apresentadores inclui
mais um mês, menos um mês de programa. O que diz é que o vínculo acaba
quando o programa acabar. É isto.
Uma das novas regras de que se tem falado passa por colocar famosos a
viver como se fossem pobres, sem condições, e que fazem provas para
ganhar um lugar no grupo dos ricos.
Teresa Guilherme: Lá está: isso é uma rica coisa que vocês queriam saber [risos].
Claro que queremos.
Teresa Guilherme: Já li algures numa revista que na versão inglesa
do Big Brother existe comida de cão a cair em cima das pessoas. Isso não
vai acontecer. Os ingleses têm por tradição, já de há 13 anos a esta
data, ter uma edição com famosos no início do ano, que dura cerca de dez
dias, além da versão com anónimos lá mais para setembro. É uma
tradição, mas não é copiável. Andam todos a ver demasiado a versão
britânica.
Por falar em famosos, a Teresa disse na entrevista que deu à NTV em
setembro passado, a propósito da estreia da Casa dos Segredos, que este
género de programas é um escape para pessoas com problemas familiares.
Passa-se o mesmo com caras conhecidas?
Teresa Guilherme: Isso é porque os anónimos são sempre pessoas muito
novas e querem sempre fugir às suas vidas, ao facto de, por vezes, não
terem emprego, o que hoje em dia é muito comum, e à monotonia.
O que lhe pergunto é se acontece o mesmo com os VIP e, se não acontece, o que é que os faz entrar no programa?
Teresa Guilherme: Claramente que o encaram como se fosse uma
extensão do seu trabalho. A visibilidade é importante para alguns deles.
São pessoas conhecidas, portanto, quanto mais aparecerem mais
conhecidas ficam. Isso é um ponto assente para mim.
O prémio final não os alicia?
Teresa Guilherme: Se nem eu sei qual é o prémio, eles também não sabem.
Há pelo menos um cachê semanal, se bem que neste caso, e apesar de estar
dividido em escalões, chamemos-lhe assim, até é substancialmente
inferior ao de outras edições.
Teresa Guilherme: Quem é que lhe disse isso?
Isso é uma rica coisa que a Teresa queria saber [risos].
Teresa Guilherme: [gargalhada] Mas olhe que não é verdade.
Não?
Teresa Guilherme: Não. O acordo que existe entre a Endemol e a TVI é
um acordo inteligente. Não quer dizer que haja mais ou menos dinheiro.
Este não é um Big Brother dos pobrezinhos. Eu nem sei quanto é que os
outros ganhavam. Sei que estava dividido em escalões, como já disse, o
que para mim é natural. Não faria muito sentido que o Vítor Norte, por
exemplo, ganhasse o mesmo que uma pessoa menos conhecida como a Nicole.
Mas continuo a dizer: não sei.
O que quer dizer com acordo inteligente?
Teresa Guilherme: Não vou falar sobre isso.
"Os famosos são mais protegidos do que os anónimos"
A Sara Norte, filha do Vítor, é um dos nomes apontados para fazer parte do lote de concorrentes do Big Brother VIP.
Teresa Guilherme: Porquê?
Acredito que seria pelas audiências, mas só lhe estou a pedir uma confirmação.
Teresa Guilherme: Este não é um programa de escândalos. O que acho
extraordinário é ter-se escrito que fui eu que lancei esse e outros
nomes, o que é ridículo. Vou ser franca: há uma série de nomes em cima
da mesa e há convites que estão a ser feitos. Mas falta juntar toda a
gente e a TVI terá a palavra final. Para já, há apenas vontades.
O facto de conhecer pessoalmente alguns dos concorrentes não dificulta o seu trabalho enquanto apresentadora?
Teresa Guilherme: Da outra vez achei que sim, mas depois não
aconteceu nada. E era amiga do Vítor Norte, da Rita Ribeiro, da Lena
d'Água, da Cinha [Jardim], e não senti nenhuma diferença em relação aos
que não conhecia pessoalmente. Achei que poderia ter influência em mim.
De poder falar de algo que seja do seu conhecimento, mas não do conhecimento público?
Teresa Guilherme: Isso tanto faz eu conhecer como não. Há muita
gente que não conheço e sei coisas sobre a vida pessoal, pelo menos o
que é público. Outras pessoas que conheço de casa não falo sobre elas.
Preferia que fossem anónimos?
Teresa Guilherme: Preferia, porque é muito mais divertido. Tem pessoas mais novas, que eu não conheço.
Se um amigo seu lhe pedisse conselho para entrar na casa, o que lhe diria?
Teresa Guilherme: Sobre o que era ideal fazer lá dentro da casa?
Se haveria de entrar ou não.
Teresa Guilherme: Depende das pessoas, do estado em que está a sua
carreira. Primeiro, iria querer saber se eles teriam compromissos
profissionais agendados e se seria viável desmarcá-los. Depois, em
termos de comportamento no interior da casa, a única coisa que poderia
dizer é que os famosos são mais protegidos do que os anónimos em termos
de intimidade. Não tem que ver com o serem conhecidos, mas com o facto
de serem faixas etárias diferentes. Claro que, como há uma piscina, se
as pessoas quiseram andar de biquíni isso é lá com elas. Eu lembro-me de
que houve uma das senhoras de uma das edições com famosos, acho que foi
a Rita Ribeiro, que levou uma espécie de uma capa para vestir, que há
muitos anos se usava para trocar de roupa na praia. Era uma espécie de
barraquinha andante, e ela assim estava à vontade para mudar de roupa.
Na Casa dos Segredos, a Teresa foi alvo de várias críticas através do
Facebook, acusando-a de mostrar as suas preferências. Sabendo nós que a
Teresa não se importa com o que os outros dizem, em que é que essas
críticas influenciam o seu trabalho?
Teresa Guilherme: Essa história das preferências é uma grande treta.
Quem faz isso só consegue piorar o programa. Quando o Nuno foi ao
confessionário pela primeira vez, disseram logo que ele era o meu
favorito. O que é que aconteceu? A TVI achou por bem que ele não fosse
ao confessionário durante cinco semanas. Boa? E eu não tinha preferência
nenhuma pelo Nuno, não o conhecia de lado nenhum. As pessoas é que
tinham preferência por ele, não era eu. A minha única preferência ali
dentro, e que ficou clara, foi a Sandra. Mas aí eu disse. Ela era
engraçada e achei que saiu prematuramente. As pessoas inventam
preferências e inventam ódios.
Foi isso que a levou a deixar de ir ver a sua página no Facebook.
Teresa Guilherme: Foi, porque achei que entre o grupo de pessoas que
dão a sua opinião, havia ali um bando de gente organizado para inventar
as coisas mais extraordinárias. Imagino os pobres dos familiares dos
jovens a lerem aquelas coisas. Depois, as revistas adoram estas coisas,
tanto que continuam a publicar histórias da Casa dos Segredos, e são
responsáveis pelo que publicam, mesmo que seja mentira ou apenas uma
suposição. Dar opinião sobre o programa, tudo bem, mas inventar algo é
muito feio.
A terceira edição da Casa foi pior do que as anteriores nesse sentido?
Teresa Guilherme: Foi, pensar como é que era possível alguém
acreditar em algumas histórias. Foi uma teoria da conspiração que me
deixou espantada e que não aconteceu na Casa dos Segredos 2 nem na
primeira. Foi uma onda negativa terrível que espero não aconteça desta
vez.
Tendo em conta que é um Big Brother com famosos, e que até conhece alguns, vai continuar a mostrar as suas preferências?
Teresa Guilherme: As pessoas têm de perceber que quando assumo
preferências é dentro do programa. Porque é que eu gostava da Sandra?
Porque era um bom confessionário, o que nunca ninguém entendeu. O mesmo
se passa com a Fanny. Eu gosto imenso dela por ela ser uma excelente
concorrente. Numa casa, quando ela está, tudo gira em torno dela. Pode
não se gostar do feitio dela, do facto de ela dizer palavrões, mas eu
gosto por ela ser boa no confessionário e quando está em casa. É uma
pessoa que existe, que não fica ali no canto à espera das horas para ir
para a cama. É preciso dar opinião e ela dá.
Acha que Sandra deveria ter ganho o prémio final?
Teresa Guilherme: É-me indiferente quem ganha. O que quero é manter o
programa interessante, acho que a Sandra devia ter ficado mais duas ou
três semanas. A minha perspetiva é que é um programa diário e tem de ser
interessante, divertido e polémico todos os dias.
Por falar em polémicas e por falar em Fanny, gostava de que Fernando [pai de Fanny] entrasse no Big Brother VIP?
Teresa Guilherme: Amava. Gosto imenso dele e há que séculos que não o vejo.
Também gostava de lá ver Jorge Fernandes, o pai do Cláudio da Casa dos Segredos 3?
Teresa Guilherme: Não, não, não... Eu adoro o Fernando, o pai do
Cláudio nem por isso. O Fernando é uma pessoa com uma história... na
verdade é como a filha: não manda dizer. É carismático.
Quem não gostava de ver no programa?
Teresa Guilherme: Pessoas que não acrescentem nada à vida da casa. Não tem graça nenhuma.
Pedro Miguel Ramos esteve consigo em todas as outras edições e, de
acordo com o que é público, até este momento ainda não foi convidado.
Faz sentido ficar de fora?
Teresa Guilherme: Eu adoraria ter o Pedro outra vez. Ele tinha uma
função prática, que era ir buscar os concorrentes à casa. Agora depende
se o formato é igual ou não. De qualquer forma, duvido que o chamem. Não
que seja caro ou barato, mas a TVI tem outros apresentadores.
Poderá não ser o Pedro e ser antes um profissional da casa?
Teresa Guilherme: Não sei... eu adorava que fosse o Pedro.
Sem Pedro Miguel Ramos, e depois de ter tido a companhia da Voz da Casa dos Segredos, vai sentir-se mais sozinha?
Teresa Guilherme: Não [risos]. Os concorrentes é que se vão sentir. A
Voz é um elemento muito engraçado da Casa dos Segredos e deve ser
utilizado apenas nesse formato.
"Agora chama-se BBV ['Big Brother VIP']. Isto é o quê? Um banco?"
Pedro Lopes, argumentista da novela da SIC Dancin'Days, foi um dos guionistas do primeiro Big Brother...
Teresa Guilherme: (Interrompe e dá uma gargalhada) Ai foram
portugueses que escreveram o remake do Dancin'Days? Isso é que é uma
piada. Portanto, é aquele que passou do brasileiro para português. Está
correto.
Além disso, está a escrever a próxima novela do canal de Carnaxide, Ambição.
Teresa Guilherme: (volta a interromper) Deus queira que lhe corra
bem. Não o conheço. No Big Brother havia dois guionistas principais, dos
quais me lembro muito bem, e depois havia imensos pequenitos. Como ele,
deveriam estar lá 40 iguais. É um garoto?
Calculo que tenha os seus trinta e tal anos [Pedro Lopes tem 36].
Teresa Guilherme: Então, na altura devia estar lá como estagiário.
Acha que ter passado pela escrita de um reality show o ajudou a dar
largas à criatividade e a construir uma história para a SIC que
"arrumou" com a ficção da TVI?
Teresa Guilherme: (gargalhada) Claro que não. Acho que o facto de
ele ter ido para o Big Brother é sinal de que tem alguma criatividade.
Ser guionista de um reality show não é inventar nada. É apenas escolher
momentos do que se passa em 24 horas de forma a facilitar a vida à
edição do programa. Eles nem inventam provas, apenas ajudam a fazer os
compactos diários do que se passa ao longo de um dia inteiro. Não
inventam até porque o formato era a novela da vida real.
Continua a ser?
Teresa Guilherme: Por minha vontade, sim. Por vontade da TVI não faço a menor ideia.
Mas a Teresa é que manda no programa [risos].
Teresa Guilherme: Não mando nada [risos]. Se eu mandasse nem se
chamava VIP, portanto... Chamava-se famosos, como sempre se chamou. Foi
uma decisão do canal.
VIP ou famosos, na prática, vai dar ao mesmo.
Teresa Guilherme: Vai, mas eu sou saudosista. E achava engraçado
porque era BBF [Big Brother Famosos]. Agora chama-se BBV [Big Brother
VIP]. Isto é o quê? Um banco? Concordo que tenha de se dar um toque de
modernidade, mas eu não tenho uma palavra a dizer sobre isso junto da
TVI, não são decisões minhas. Posso dizer que gostava muito de ter a
música antiga, mas também pode não ser. Em Espanha já não é. Estou farta
de meter cunhas a ver se metem a mesma música [risos], mas só decido
sobre o meu trabalho. Pedem-me opinião, que é muito simpático, mas não
passa disso. As pessoas acham que tenho mais poder do que na realidade
tenho. O Big Brother é um programa da Endemol comprado pela TVI. As
cabeças são das duas empresas, que me ouvem e me dão apoio.
Mas tem sempre uma palavra a dizer.
Teresa Guilherme: Que é sempre a última, não é a primeira. Eu não
sou nem a produtora nem a compradora, portanto, não faria sentido ser de
outra forma. Em relação aos concorrentes, ao número de semanas... ainda
ontem [segunda-feira] perguntei à Lurdes [Guerreiro] se o programa se
iria chamar Famosos ou qualquer outra coisa. E ela responde-me: "Ó
Teresa, está no ar Big Brother VIP, não viu?" Na verdade, não têm de me
perguntar nada. Se eu tivesse dito que queria muito que fosse Famosos,
eles iam argumentar comigo e eu ia perceber, ou então diziam-me que nem
se tinham lembrado.
"Não há espaço para muitas mais produtoras"
Falou já de Piet-Hein Bakker, cuja produtora, a CBV, encerrou
recentemente as suas portas. A crise no mundo audiovisual é uma situação
que a preocupa?
Teresa Guilherme: O que me preocupa é produtores à grande ficarem
sem trabalho. O Piet-Hein nunca foi produtor. Ele abriu uma produtora.
Sobre a produtora do Piet-Hein já disse o que tinha a dizer no Momento
da Verdade e não quero voltar a falar sobre isso. Tenho muita pena,
espero que ele arranje trabalho, que esteja muito bem na vida e que a
família dele também esteja muito bem. Isso sim. Que ele é um brilhante
diretor de uma empresa, também digo sim. E que era ótimo a escolher
casting, também digo que sim. Mas o Piet-Hein não é um produtor, não foi
ele a produzir nem o Big Brother nem os outros formatos.
O que lhe perguntava era se, enquanto produtora, a situação que a CBV
viveu, ou que a Valentim de Carvalho vive, não tendo dinheiro para pagar
a colaboradores externos e internos, é uma preocupação.
Teresa Guilherme: O que acho é que há imensas pequenas produtoras
que não têm dinheiro para sobreviver. O mercado está dividido entre
estas e duas maiores, a Endemol e a Fremantle, além das trutas grandes
da ficção. Já a Eyeworks, onde estão imensas pessoas que trabalharam
comigo, está a safar--se bem e espero que assim continue. E não há
espaço para muitas mais. Mas antigamente também era assim: Havia a
Valentim de Carvalho e a minha. Daquilo que me têm dito é que agora há
muitas mais pequenas produtoras, que, se não funcionarem, têm mais é de
acabar. Não é que não tenham a quem vender, é porque funcionam mal. As
que funcionam bem vão-se manter, as que funcionam mal vão acabar. É
assim que funciona.
Já no que diz respeito à RTP, continua a pensar o contrário?
Teresa Guilherme: Desde o primeiro dia que não acredito que vá
acontecer qualquer coisa de negativo com a RTP. Esta é uma estação que
continua a ser o que era. Fizeram cortes em algumas coisas, meterem
programas novos. É uma estação que está a dar muito trabalho a muita
gente e que vai continuar a fazer o seu caminho.
Durante esse percurso, a RTP tem tido momentos em que exalta mais os
portugueses, como é o caso da recente contratação de José Sócrates para
fazer comentário político.
Teresa Guilherme: Ele sempre foi um grande comunicador... Para ser
sincera, gostava de o ver. Eu adorava vê-lo a comentar a merda que ele
fez. Adorava. Acho que é uma coisa genial ter passado tão pouco tempo
depois de ele ter largado a bomba que todos os portugueses têm em mãos -
e não foi o único, houve mais antes dele - e ele ter a coragem de vir
para a televisão comentar o que os outros estão a fazer. Acho genial.
Poderia ser um programa de humor [risos].
Pode ler a versão integral na edição em papel da Revista Notícias TV do Jornal de Notícias.